sexta-feira, 12 de junho de 2009

Lei da meia-entrada: benefício para todos

Por Brisa Campos

Editoria: Opinião

A passagem de meia entrada nos ônibus foi pensada para estimular o acesso dos estudantes ao ensino público. A de meia entrada nos eventos culturais visa, por sua vez, abrir as portas dos teatros, cinemas e outras manifestações da cultura do país à estes alunos. A utilização das duas em conjunto, no entanto, é que não estão sintonizadas.
Os alunos possuem, agora, um dispositivo de cartão – o Rio Card – que limita o número de vezes em que o estudante pode passar pela roleta do ônibus. A medida é questionada por muito, que sinalizam a necessidade de se ter, também, passagem gratuita para os exercícios culturais que também lhe são de direito.
O maior problema talvez resida no fato de que o país estimula a cultura da corrupção. É mais comum em uma fila de entrada para a sessão de cinema ver falsos estudantes com carteirinha feitas a R$ 20 no Largo da Carioca, que universitários ou alunos do Ensino Médio que de fato estejam tentando aproveitar o seu meio-passe cultural. O caráter social da medida também é sepultada quando se explora a meia-entrada em eventos não tão didáticos, como shows de artistas pop internacionais.
Não cabe aqui, no entanto, avaliar a validade ou não de uma meia-entrada em um espetáculo da Madonna ou do Cirque de Soleil. Tal análise criteriosa só faria pôr por terra a discussão.
O que se questiona, em toda a sociedade, é o quanto quam não é estudante paga para que o outro tenha esse benefício. Existe uma placa em uma empresa de ônibus de Niterói que, todos os dias pela manhã me lembra da importância de políticas de incentivo ao estudo e aos jovens. O informativo, impresso em latão, diz em letras vermelhas: “Lembre-se que os lugares marcados são para gestantes e idosos, mas que você não está proibido de utilizar o assento. Apenas respeite as limitações do próximo. Às crianças e adolescentes, desejamos um futuro promissor”.
Os dizeres me fazem lembrar que precisamos resgatar valores morais, de respeito ao idoso, à gestante, independente do financeiro – a partir da lógica de que, se eu paguei, quero viajar sentado. Desejar aos adolescentes um futuro promissor, no meu entender, é firmar um contrato: Hoje eu pago pela sua passagem, porque entendo que você precisa ter estímulo e seguir em frente. Mais tarde, quando tiver sucesso em sua vida profissional, você fará o mesmo pelos outros.
São princípios tão básicos, que muitas vezes podemos nos esquecer. Mas a linha Ingá-Centro de Niterói me lembra todos os dias, pela manhã, da necessidade de pensarmos com carinho na raça humana.

Fórum: Você se revolta quando algum amigo apresenta uma carteirinha falsificada?

Enquete: Você dá lugar aos idosos e gestantes nos ônibus?

( ) Claro,. Nada mais justo

( ) Não. Sempre tem alguém que levanta antes de mim

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