sexta-feira, 26 de junho de 2009

Terceiro mandato de quem?

Por Brisa Campos (Opinião)

A proposta de um terceiro mandato para a presidência da República, se aprovada em Congresso e, claro, sancionada pelo presidente não iria contra a democracia se ela passasse a valer, de acordo com as atuais leis eleitorais, no período de tempo correto. A lei que autorizou a reeleição se deu dessa forma e, lembre-se, foi questionada pelo próprio Partido dos Trabalhadores. Tendo em vista a jurisprudência dessa discussão, um terceiro mandato estaria mais legitimado se fosse submetido ao crivo popular, através de um plebiscito, como tantos outros que foram feitos.
O questionamento em relação a um terceiro mandato de Lula havia sido levantado no momento de sua primeira eleição. Era de conhecimento geral que o ex-metalúrgico não possuía exatamente características de fazer sucessores. As dificuldades por quais passa agora foram previstas, portanto, com um bom prazo de dianteira. O próprio presidente, há cerca de um ano ou mais, questionou alguns parlamentares e políticos influentes a respeito do terceiro mandato e viu que o apoio sairia caro. A proposta que tramita no Congresso, inclusive, tem grandes chances de ser sepultada até mesmo por petistas. Porque esta discussão toda, no meu entender, favorece a imagem do presidente, o tornado “disputado”, como foi nas eleições para prefeito em todo o Brasil, e aumenta sua popularidade. O efeito se estende em “dominó” para o nome escolhido por ele para encabeçar a chapa petista em 2010.
Muitos levantam a bandeira da Venezuela, e apontam os riscos do Brasil viver um regime semelhante. Talvez seja a antiga imagem do PT, de sólido baluarte da ética e dos valores públicos, de defesa da reforma agrária e da diminuição das diferenças de renda que tragam estas impressões. O fato é que, justamente depois que o PT assumiu o poder, e que se viu tantas e tantas mostras de escândalos envolvendo favorecimento, mensalões, e nepotismo, que esta imagem já deveria ter mudado. Esta idéia que estou passando não é, de toda forma, pejorativa. Creio somente que, uma vez que o PT mostrou compromisso com o cidadão – na figra do Bolsa-Família, Vale-Gás e tantos outros benefícios assistencialistas – com as cidades, na forma do Programa de Aceleração do Crescimento, que alavancou tantas candidaturas – e com as empresas de capital privado (instituições bancárias, etc); que este conceito geral em relaçã ao partido e o que ele faz em Brasília já deveria ter mudado. Vejo hoje, pouca diferença entre uma e outra sigla política no Brasil. Talvez os últimos anos me mostraram a dificuldade que vai ser o Brasil se tornar realmente uma “Venezuela”.

Saiba Mais:
El País indicava, já no ano passado, que Lula não tinha sucessor
Vagner Llosa afirma que Venezuela está indo ao encontro da ditadura

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